sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Vida após . . . .


  
Engraçado, quase todos nós temos dúvidas sobre a vida após a morte [será que ela existe?], mas nunca nos indagamos sobre 'vida após o nascimento' [e será que um feto já refletiu sobre a vida após o nascimento?]. Naturalmente, sabemos que há vida após o nascimento, mas um embrião ou um feto jamais poderá saber; só depois de nascer. Essa reflexão pude fazer após receber o seguinte texto:
No ventre de uma mulher grávida dois gêmeos dialogam:
- Você acredita em vida após o parto?
- Claro! Há de haver algo após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.
- Bobagem, não há vida após o nascimento. Afinal como seria essa vida?
- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a nossa boca.
- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Além disso, andar não faz sentido pois o cordão umbilical é muito curto.
- Sinto que há algo mais. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.


- Mas ninguém nunca voltou de lá. O parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.

- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.

- Mamãe? Você acredita em mamãe? Se ela existe, onde ela está?

- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela não existiríamos.

- Eu não acredito! Nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que ela não existe.

- Bem, mas ás vezes quando estamos em silêncio, posso ouvi-la cantando, ou senti-la afagando nosso mundo. Eu penso que após o parto, a vida real nos espera; e, no momento, estamos nos preparando para ela. (Autor Desconhecido).

Você já imaginou se essa situação também se aplicaria às nossas dúvidas sobre vida após a morte? Se a sua resposta for afirmativa, certamente você encontrou uma 'prova' para que haja vida após a morte. E é até lógico, embora seja uma vida totalmente diferente da que possuímos. Seria, pelo texto, como a transformação de feto em recém-nascido.


Quisera fossem as 'provas' tão fáceis de conseguir como essa. Mas, a questão é bem mais complexa do que inicialmente pensamos. Vamos supor que essa 'prova' seja válida e que tenhamos vida após o nascimento (isso certamente temos) e, por conseqüência, vida após a morte.


Assim, a vida antes e após o nascimento se comporia de corpo (a parte sensível) e de espírito (a parte racional, inteligível). Já a vida após a morte poderia ter três opções de existência: uma vida tão somente espiritual (a alma que vai para o céu ou para o inferno), ou uma vida espiritual e material (por encarnação, por exemplo) ou uma vida como energia (pelo princípio de que nada se perde, tudo se transforma).

Essa última opção não deixa de ser interessante e bem racional. Do espírito não podemos dizer nada, mas do corpo, certamente, podemos dizer que se transformará em (pó e em) energia.

Em todo caso, qualquer que seja o fim último da nossa vida, é importante viver bem o hoje e o agora; o amanhã deixemos para o amanhã. Ou você tem outra opinião?

Acelino Pontes

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Encontre o que você ama



Realmente a questão crucial de todo aquele que vive é saber o que fazer na ou da vida, qual a escolha certa, não 'perder' a vida. Muitas vezes, quando encontramos a resposta, já lá se passaram bons e valiosos anos que dificilmente serão recuperados.


Pior é quando, já se está no meio da vida ou até para lá do meio e se constata que a escolha não foi a correta, no mínimo a melhor. E recomeçar tudo de novo, como da primeira vez, dói profundamente no âmago. É uma dor tão profunda, que só poucos conseguem.

Um dos que conseguiram produzir essa façanha foi Steve Jobs, o fundador da Apple. Num discurso na Universidade de Stanford, em 2005, ele descreve esses momentos de extrema tensão em poucas palavras. Abaixo o texto original em português e mais abaixo o vídeo com o discurso em inglês e com legenda em português. Um magnânimo momento de reflexão por quem estava muito próximo da morte certa. Veja: 
 

Você tem que encontrar o que você ama

Estou honrado de estar aqui, na formatura de uma das melhores universidades do mundo. Eu nunca me formei na universidade. Que a verdade seja dita, isso é o mais perto que eu já cheguei de uma cerimônia de formatura. Hoje, eu gostaria de contar a vocês três histórias da minha vida. E é isso. Nada demais. Apenas três histórias.
A primeira história é sobre ligar os pontos.
Eu abandonei o Reed College depois de seis meses, mas fiquei enrolando por mais 18 meses antes de realmente abandonar a escola. E por que eu a abandonei? Tudo começou antes de eu nascer. Minha mãe biológica era uma jovem universitária solteira que decidiu me dar para a adoção. Ela queria muito que eu fosse adotado por pessoas com curso superior. Tudo estava armado para que eu fosse adotado no nascimento por um advogado e sua esposa. Mas, quando eu apareci, eles decidiram que queriam mesmo uma menina.
Então meus pais, que estavam em uma lista de espera, receberam uma ligação no meio da noite com uma pergunta: “Apareceu um garoto. Vocês o querem?” Eles disseram: “É claro.”
Minha mãe biológica descobriu mais tarde que a minha mãe nunca tinha se formado na faculdade e que o meu pai nunca tinha completado o ensino médio. Ela se recusou a assinar os papéis da adoção. Ela só aceitou meses mais tarde quando os meus pais prometeram que algum dia eu iria para a faculdade. E, 17 anos mais tarde, eu fui para a faculdade. Mas, inocentemente escolhi uma faculdade que era quase tão cara quanto Stanford. E todas as economias dos meus pais, que eram da classe trabalhadora, estavam sendo usados para pagar as mensalidades. Depois de seis meses, eu não podia ver valor naquilo.

Eu não tinha idéia do que queria fazer na minha vida e menos idéia ainda de como a universidade poderia me ajudar naquela escolha. E lá estava eu, gastando todo o dinheiro que meus pais tinham juntado durante toda a vida. E então decidi largar e acreditar que tudo ficaria ok.

Foi muito assustador naquela época, mas olhando para trás foi uma das melhores decisões que já fiz. No minuto em que larguei, eu pude parar de assistir às matérias obrigatórias que não me interessavam e comecei a frequentar aquelas que pareciam interessantes. Não foi tudo assim romântico. Eu não tinha um quarto no dormitório e por isso eu dormia no chão do quarto de amigos. Eu recolhia garrafas de Coca-Cola para ganhar 5 centavos, com os quais eu comprava comida. Eu andava 11 quilômetros pela cidade todo domingo à noite para ter uma boa refeição no templo hare-krishna. Eu amava aquilo.

Muito do que descobri naquela época, guiado pela minha curiosidade e intuição, mostrou-se mais tarde ser de uma importância sem preço. Vou dar um exemplo: o Reed College oferecia naquela época a melhor formação de caligrafia do país. Em todo o campus, cada poster e cada etiqueta de gaveta eram escritas com uma bela letra de mão. Como eu tinha largado o curso e não precisava frequentar as aulas normais, decidi assistir as aulas de caligrafia. Aprendi sobre fontes com serifa e sem serifa, sobre variar a quantidade de espaço entre diferentes combinações de letras, sobre o que torna uma tipografia boa. Aquilo era bonito, histórico e artisticamente sutil de uma maneira que a ciência não pode entender. E eu achei aquilo tudo fascinante.

Nada daquilo tinha qualquer aplicação prática para a minha vida. Mas 10 anos mais tarde, quando estávamos criando o primeiro computador Macintosh, tudo voltou. E nós colocamos tudo aquilo no Mac. Foi o primeiro computador com tipografia bonita. Se eu nunca tivesse deixado aquele curso na faculdade, o Mac nunca teria tido as fontes múltiplas ou proporcionalmente espaçadas. E considerando que o Windows simplesmente copiou o Mac, é bem provável que nenhum computador as tivesse.

Se eu nunca tivesse largado o curso, nunca teria frequentado essas aulas de caligrafia e os computadores poderiam não ter a maravilhosa caligrafia que eles têm. É claro que era impossível conectar esses fatos olhando para frente quando eu estava na faculdade. Mas aquilo ficou muito, muito claro olhando para trás 10 anos depois.

De novo, você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim.

Minha segunda história é sobre amor e perda.

Eu tive sorte porque descobri bem cedo o que queria fazer na minha vida. Woz e eu começamos a Apple na garagem dos meus pais quando eu tinha 20 anos. Trabalhamos duro e, em 10 anos, a Apple se transformou em uma empresa de 2 bilhões de dólares e mais de 4 mil empregados. Um ano antes, tínhamos acabado de lançar nossa maior criação — o Macintosh — e eu tinha 30 anos.

E aí fui demitido. Como é possível ser demitido da empresa que você criou? Bem, quando a Apple cresceu, contratamos alguém para dirigir a companhia. No primeiro ano, tudo deu certo, mas com o tempo nossas visões de futuro começaram a divergir. Quando isso aconteceu, o conselho de diretores ficou do lado dele. O que tinha sido o foco de toda a minha vida adulta tinha ido embora e isso foi devastador. Fiquei sem saber o que fazer por alguns meses.

Senti que tinha decepcionado a geração anterior de empreendedores. Que tinha deixado cair o bastão no momento em que ele estava sendo passado para mim. Eu encontrei David Peckard e Bob Noyce e tentei me desculpar por ter estragado tudo daquela maneira. Foi um fracasso público e eu até mesmo pensei em deixar o Vale [do Silício].

Mas, lentamente, eu comecei a me dar conta de que eu ainda amava o que fazia. Foi quando decidi começar de novo. Não enxerguei isso na época, mas ser demitido da Apple foi a melhor coisa que podia ter acontecido para mim. O peso de ser bem sucedido foi substituído pela leveza de ser de novo um iniciante, com menos certezas sobre tudo. Isso me deu liberdade para começar um dos períodos mais criativos da minha vida. Durante os cinco anos seguintes, criei uma companhia chamada NeXT, outra companhia chamada Pixar e me apaixonei por uma mulher maravilhosa que se tornou minha esposa.

A Pixar fez o primeiro filme animado por computador, Toy Story, e é o estúdio de animação mais bem sucedido do mundo. Em uma inacreditável guinada de eventos, a Apple comprou a NeXT, eu voltei para a empresa e a tecnologia que desenvolvemos nela está no coração do atual renascimento da Apple.

E Lorene e eu temos uma família maravilhosa. Tenho certeza de que nada disso teria acontecido se eu não tivesse sido demitido da Apple.

Foi um remédio horrível, mas eu entendo que o paciente precisava. Às vezes, a vida bate com um tijolo na sua cabeça. Não perca a fé. Estou convencido de que a única coisa que me permitiu seguir adiante foi o meu amor pelo que fazia. Você tem que descobrir o que você ama. Isso é verdadeiro tanto para o seu trabalho quanto para com as pessoas que você ama.

Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz.

Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue.

Minha terceira história é sobre morte.

Quando eu tinha 17 anos, li uma frase que era algo assim: “Se você viver cada dia como se fosse o último, um dia ele realmente será o último.” Aquilo me impressionou, e desde então, nos últimos 33 anos, eu olho para mim mesmo no espelho toda manhã e pergunto: “Se hoje fosse o meu último dia, eu gostaria de fazer o que farei hoje?” E se a resposta é “não” por muitos dias seguidos, sei que preciso mudar alguma coisa.

Lembrar que estarei morto em breve é a ferramenta mais importante que já encontrei para me ajudar a tomar grandes decisões. Porque quase tudo — expectativas externas, orgulho, medo de passar vergonha ou falhar — caem diante da morte, deixando apenas o que é apenas importante. Não há razão para não seguir o seu coração.

Lembrar que você vai morrer é a melhor maneira que eu conheço para evitar a armadilha de pensar que você tem algo a perder. Você já está nu. Não há razão para não seguir seu coração.

Há um ano, eu fui diagnosticado com câncer. Era 7h30 da manhã e eu tinha uma imagem que mostrava claramente um tumor no pâncreas. Eu nem sabia o que era um pâncreas.

Os médicos me disseram que aquilo era certamente um tipo de câncer incurável, e que eu não deveria esperar viver mais de três a seis semanas. Meu médico me aconselhou a ir para casa e arrumar minhas coisas — que é o código dos médicos para “preparar para morrer”. Significa tentar dizer às suas crianças em alguns meses tudo aquilo que você pensou ter os próximos 10 anos para dizer. Significa dizer seu adeus.

Eu vivi com aquele diagnóstico o dia inteiro. Depois, à tarde, eu fiz uma biópsia, em que eles enfiaram um endoscópio pela minha garganta abaixo, através do meu estômago e pelos intestinos. Colocaram uma agulha no meu pâncreas e tiraram algumas células do tumor. Eu estava sedado, mas minha mulher, que estava lá, contou que quando os médicos viram as células em um microscópio, começaram a chorar. Era uma forma muito rara de câncer pancreático que podia ser curada com cirurgia. Eu operei e estou bem.

Isso foi o mais perto que eu estive de encarar a morte e eu espero que seja o mais perto que vou ficar pelas próximas décadas. Tendo passado por isso, posso agora dizer a vocês, com um pouco mais de certeza do que quando a morte era um conceito apenas abstrato: ninguém quer morrer. Até mesmo as pessoas que querem ir para o céu não querem morrer para chegar lá.

Ainda assim, a morte é o destino que todos nós compartilhamos. Ninguém nunca conseguiu escapar. E assim é como deve ser, porque a morte é muito provavelmente a principal invenção da vida. É o agente de mudança da vida. Ela limpa o velho para abrir caminho para o novo. Nesse momento, o novo é você. Mas algum dia, não muito distante, você gradualmente se tornará um velho e será varrido. Desculpa ser tão dramático, mas isso é a verdade.

O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém.

Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas.

Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior.

E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário.

Quando eu era pequeno, uma das bíblias da minha geração era o Whole Earth Catalog. Foi criado por um sujeito chamado Stewart Brand em Menlo Park, não muito longe daqui. Ele o trouxe à vida com seu toque poético. Isso foi no final dos anos 60, antes dos computadores e dos programas de paginação. Então tudo era feito com máquinas de escrever, tesouras e câmeras Polaroid.

Era como o Google em forma de livro, 35 anos antes de o Google aparecer. Era idealista e cheio de boas ferramentas e noções. Stewart e sua equipe publicaram várias edições de Whole Earth Catalog e, quando ele já tinha cumprido sua missão, eles lançaram uma edição final. Isso foi em meados de 70 e eu tinha a idade de vocês.

Na contracapa havia uma fotografia de uma estrada de interior ensolarada, daquele tipo onde você poderia se achar pedindo carona se fosse aventureiro. Abaixo, estavam as palavras:

Continue com fome, continue bobo.”

Foi a mensagem de despedida deles. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo. E agora, quando vocês se formam e começam de novo, eu desejo isso para vocês. Continuem com fome. Continuem bobos.

Obrigado.

Steve Jobs


Acredito que essa lição de vida não possa ser seguida por qualquer um. Entretanto, quem produzir coragem e destemor em grande dose, seguir seus ensinamentos, certamente será um vencedor como ele, no mínimo encontrara a satisfação e orgulho pela sua própria vida, quando não, alcançará um nível ímpar de felicidade.



Acelino Pontes

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Estava de bobeira




Pois, é. Estou tranquilo numa esquina qualquer, com um amigo. Só leveza e bom humor. Feliz. Simplesmente, feliz da vida. E com uma felicidade para ninguém por defeito. Tinha acabado de realizar o meu sonho: comprei aquela moto de que tanto sonhava. Linda de morrer e a hilaridade transbordava por todos os poros da minha pele. Não tinha coragem nem de a tocar - para não correr o risco de arranhar a pura lindeza e fascínio da minha moto - quanto mais de dar uma voltinha com ela. Estava só curtindo. Não parava de captar e de mostrar todos os seus detalhes e requintes ao amigo, que, a esta altura do campeonato, já deveria estar morrendo de inveja. Tudo isso era curtição pura e o júbilo me levava a todos os céus imagináveis e também até aos inimagináveis.

E de repente acontece isso:




O que é isso? Alguém pode me explicar?

Mas, espera aí. Deixa eu me acalmar e por os pensamentos em ordem. Pelo meu senso de direito e de justiça, quem é dono da rua, das vias públicas é o pedestre. E eu sou pedestre. Sou eu quem autorizo aos motoristas e condutores de carros e de outros veículos a transitarem nas ruas e vias públicas, desde que me respeitem e garantam a minha integridade física e psíquica. Para isso, elegi deputados e governos, que produziram um código de trânsito para regular esse meu direito irrenunciável.

E o que acontece? Os carros e veículos pintam e bordam nas ruas e eu fico de bobeira? São poderosas armas para matar e não respeitam ninguém.

Não, isso não pode ficar assim!

Mas, infelizmente essa é a nossa realidade. Anualmente, no Brasil, mais de 35 mil pessoas morrem em acidentes de trânsito. Isso, sem falar nos R$ 153 milhões unicamente para custear tratamento hospitalares dos acidentados no tráfego brasileiro. Uma média de R$ 390 por minuto.


E ainda tem mais: o índice de pedestres mortos representa 43,4% do total de vítimas de acidentes de trânsito. E é porque, pela lei, eu, pedestre, sou o dono da rua. Imagine só se eu não fosse.
Durma com um barulho desse!

Acelino Pontes


domingo, 25 de setembro de 2011

Direito de Viver


No Brasil de hoje é bom para viver. O país está progredindo no setor socioeconômico e o futuro parece-nos maravilhoso. Teremos muita diversão ainda com a Copa 2014, as Olimpíadas, o Brasil na mídia internacional e muitas outras coisas boas rolando na vida e na história do brasileiro. E a natureza e seu povo são maravilha pura. Tudo na medida certa.

Mas, parece-me que não temos mais assegurado o direito de viver, como dita a Constituição Federal. E é o próprio Governo (através de Relatório do Ministério da Justiça), quem nos traz essa constatação. Veja o vídeo abaixo e tire suas conclusões:


Que coisa, hem? Será que não temos direito à vida? O que está acontecendo? Enquanto isso, os políticos e o judiciário só se preocupam em aumentar os seus respectivos salários. Já estão até matando juiz e ninguém dá a minima.

Alguém pode me dizer o que devemos fazer para parar com essa insanidade de homicídios a torto e a direito?

Alguns vão dizer: mas, a maioria é bandido ou viciado, que encontrou o merecido. Primeiro, ninguém pode pensar assim, pois qualquer resíduo de ética que ainda perdure em nossa alma, não nos permite assim pensar. Segundo, porque essa evolução é uma epidemia e um dia encontrará você ou a mim. Só quem sente a dor da perda de um ente querido poderá avaliar essa questão com larga propriedade.

Por outro lado, não podemos continuar aceitando essa situação, pois certamente findaremos por comprometer todo o nosso futuro. Aqui, vale lembrar o magnânimo ensinamento do filósofo francês Sartre:
 
O importante não é o que fizeram de nós, mas o que nós mesmos fazemos daquilo que fizeram de nós1.

Se deseja ler o Relatório do Ministério da Justiça em sua totalidade basta clicar em:


Acelino Pontes

1 Sartre, Jean-Paul: Saint Genet - Ator e Martir. Título original: Saint Genet, comédien et martyr (1952). Editora Vozes, 2002. 584 p.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Crise: e eu com isso?


Sou um cidadão comum. Me poupe com essa de crise econômica, com baixa nas bolsas de valores, com especulação, muito menos ainda com mercado financeiro. Nem sou rico e nem sou pobre; sou tão somente o Seu Zé Ninguém e não tenho dinheiro para essas coisas de ricos.

Pois, quem pensa assim está redondamente enganado. Todos, rico ou pobre, temos que nos preocupar com essas 'coisas de ricos', antes que elas venham acabar com a sua vida financeira e o seu sustento, que estão seriamente ameaçados pelas tais crises econômicas, que se repetem a cada ano.

Ações

Tudo começou com as tais 'ações', que são papéis negociáveis nas bolsas de valores e teve início na Suécia em 1288 e, ao longo dos séculos, foi tomando corpo. Mas, o que é mesmo essa tal 'ação'?

Entenderá melhor neste exemplo: vamos supor que você se decida a criar uma fábrica para a produção de mesas. Para isso, naturalmente, precisará de capital, pois terá custos com matéria-prima (em especial madeira), maquinário, pessoal especializado, instalações e outros. Ainda, terá que ter dinheiro vivo para sobreviver os meses em que ficar sem faturamento. Nesse projeto, suponhamos que investiria, inicialmente, um montante de R$ 100 mil.

Anos depois, você vai muito bem obrigado com a sua fábrica, embora fabricando somente umas 10 mil mesas por ano. Lucrando pouco, mas firme e forte. Só que alguém lhe dá a ideia de transformar o seu negócio num grande sucesso de produção de mesas, passando a produzir um milhão de mesas por ano. E que ainda tenha um político, que em muito possa ajudar. Você se apaixona pela ideia, só lhe falta o capital para elevar a produção de 10 mil para um milhão de mesas.

Ora, quando se precisa de dinheiro, o banco é o local certo a se procurar. Mas, quem produz 10 mil e repentinamente, quer produzir um milhão de mesas, o banco fica desconfiado e só empresta com garantias e juros altíssimos. Portanto, esqueça a ideia de empréstimo bancário, pois provavelmente não terá sucesso.

Mas, aí vem a 'ação' como num passo de mágica. Pois, para produzir o milhão de mesas se faz necessário um investimento ao nível de R$ 100 milhões e você só tem R$ 100 mil de patrimônio. Aí, você lança na bolsa de valores R$ 100 milhões em ações de sua fábrica. É a maneira mais barata de conseguir capital e relativamente rápido.

Patrimônio Virtual

Pois é, você tinha R$ 100 mil em patrimônio e agora, num passe de mágica, você passa a ter R$ 100 milhões e, naturalmente, mais os R$ 100 mil que tinha antes. Só que, apenas os R$ 100 mil iniciais são verdadeiros, o resto é virtual, ilusão.

Mas, não esqueçamos o político anteriormente citado. Bem, o tal político tem um 'Consultoria' daquelas que transforma o seu patrimônio à proporção de 20 vezes mais. E o tal político-consultor lhe garante uma compra não de 1 milhão, mas de 20 milhões de mesas, pois já tem um Ministério 'na mão', que vai comprar toda essa montanha de mesas.

Pronto, agora você só precisa de alguém que coloque essa 'contratação' milionária nas bolsas de valores. E suas ações pulam em 'valor de mercado' dos R$ 100 milhões para, no mínimo, R$ 2 bilhões, ou seja 20 vezes mais.

Recapitulando: você possuía um patrimônio real de R$ 100 mil, lançou R$ 100 milhões em ações de sua fábrica e agora essas últimas, com o tal boato e o tal político-consultor, passaram a valer R$ 2 bilhões. Parabens, você é um empresário de sucesso e já é o mais novo bilionário do pedaço. Simples e fácil; bastou uma ideia, um político-consultor, um boato, cara e coragem e ainda, as bolsas de valores.

Os Bancos

E se o bicho pegar? Acontecer algum acidente de percurso e você não conseguir a contratação de 20 milhões de mesas pelo dito Ministério? Então o prejuízo será grande, pois você só pode 'responder' por R$ 100 mil, que no 'mercado' estão valorizados em R$ 2 bilhões. Nesse caso, quem fica com o prejuízo de R$ 1,9 bilhões? Até há uns cem anos atrás, quem ficava com o prejuízo eram os bobos que acreditaram no boato, quero dizer, na estória, como aconteceu na quebra de 1929, em Nova York.

Mas, de um bom tempo para cá, os bancos começaram a 'entrar' no negócio de ações. Todavia, banco é alérgico a prejuízo, entretanto têm os governos 'na mão'. Portanto, quando o bicho pega, quem paga essa conta é você, o Seu Zé Ninguém, que nem é rico e nem é pobre, e que não tem dinheiro para brincar com essa coisa de rico.

E como isso pode acontecer? Isso é um absurdo! Reclamaria você acobertado de razão. A resposta é simples. Esses prejuízos são de porte bilionário e, como dito, os bancos não assumem qualquer tipo de prejuízo, para isso 'elegem' uma boa maioria nos parlamentos para aprovarem o famoso 'bolsa banqueiro'.

Dessa forma, quando a bolsa de valores ou o mercado financeiro (que é o conjunto de todo esse mundo virtual e de enganação financeira) entram em crise, os governos acodem com o 'bolsa banqueiro', que é, nada mais, nada menos do que você pagando o prejuízo através dos impostos recolhidos. E se o governo não 'ajudar', então eles ameaçam com colapso total, desemprego generalizado e falência de milhares de grandes empresas. Não tem governo que resista.

Crise Imobiliária

Lembra de 2007 e sua crise imobiliária? Um exemplo básico da especulação e do enriquecimento 'virtual', do 'crime legal'. Veja como aconteceu.

Os Estados Unidos não são amigos de políticas públicas no setor social. Por isso, lá muita gente não conseguia a casa própria.

Os bancos descobriram isso e lançaram no mercado um projeto 'social' para ajudar ao norte-americano pobre adquirir a sua casa própria. O programa consistia em oferecer financiamento para casa própria com prestações, vamos dizer, de uns R$ 50 por mês e com prazos para os bisnetos pagarem.

Veja, se você paga R$ 300 de aluguel, como não aceitaria uma oferta dessa? Pois assim também pensou a grande parte da população norte-americana. Até sem teto, sem terra e mendigo compraram casa nesse projeto 'social' dos bancos.

Quando o bicho pegou, os 'ingênuos' dos bancos procuraram o governo em busca do 'bolsa-banqueiro'. O valor total do prejuízo foi pequeno, somente 700 bilhões de dólares. Entende agora, porque os States ultimamente estão com problema de caixa? Mas, quem pagou? Naturalmente, o contribuinte nos Estados Unidos, em alguns casos, o de vários países da Europa.

Crise do Euro

A Europa não quer aquietar-se. Problemão. Outra vez os bancos estão de pires na mão. Então, o que aconteceu?

Depois da 'guerra fria' os países europeus se uniram na chamada União Européia, formando um bloco econômico com moeda única: o Euro. Só que, dos 27 Estados membros, somente a Alemanha, França e Itália são economicamente significantes. Os 24 restantes sempre estiveram em crises.

Quando um país está em crise, não só há deficit econômico, muito mais ainda, também social. Se um governo não recebe em impostos quantidade suficiente para os gastos (em especial, os sociais), então resolve o problema emitindo moeda sem lastro ou, pior ainda, 'pedindo dinheiro emprestado' através de emissão de 'papéis' de dívida (isso seria caso idêntico à nossa estória acima, a título de 'ações'). Esses 'papéis' são comprados pelos bancos a preço de banana. Está instaurado o caos: os governos emitem/vendem 10 bilhões de euros em 'papeis' e recebem tão somente 1 bilhão de euros (em dinheiro vivo) nesse tipo de 'negócio', mas vão pagar 10 bilhões de euros + juros, correção, etc. Com isso, o lucro dos bancos fica acima de 9 bilhões de euros, sem contar os juros e a correção. Negócio, pra lá de, da China. Nesse tipo de negociata, dá pra ter país com saúde financeira?

Foi o que aconteceu com a Grécia, Espanha, Portugal e outros países da região. O preocupante é a Itália que está envolta com dívidas quase impagáveis, mas tem uma economia bastante forte e, se falir, leva o resta da Europa junto.

E agora? A dívida total desses países europeus é impagável. Os bancos estão cobrando e ameaçando. Só a Alemanha e a França têm dinheiro para negociar um valor pagável, mas suas respectivas populações não querem nem saber disso. Quem concordaria em pagar dívida dos outros, que não souberam administrar suas finanças, gastando o que não tinham? Mas, a pressão é grande, pelo contrário o euro cai. Até agora estão resistindo, mas o certo é que não haverá 'bolsa banqueiro'.

Fim do enriquecimento 'virtual'

Acredito que você pense comigo: isso tudo não mais pode acontecer. A vida econômica mundial jamais deveria se sustentar em 'bolsas de valores', ou seja em especulação, boatos e intrigas. As atividades das 'bolsas de valores' e do mercado financeiro, já há muito, estão além da fronteira do crime organizado. São verdadeiros crimes 'legais'.

As transações são tão obscuras e antiéticas que os especulantes chegam até a pedir 'emprestado' a um banco ações com boa posição na cotação da bolsa (vamos supor R$ 100 por ação) com a finalidade de 'venderem' essas ações no mercado. Depois colocam um boato qualquer de que a empresa em questão está em dificuldades enormes. As ações naturalmente caem logo (vamos supor para somente R$ 10) em valor/cotação . Daí,  o especulante compra as ditas ações (agora bem baratinhas como broa) no valor de apenas R$ 10 e simplesmente devolvem as mesmas ações ao banco emprestador, faturando líquido 90% sobre o valor incial, pois a relação dele com o banco foi tão somente 'pedir emprestado as ações', para depois devolvê-las, sem qualquer custo ou ônus. Quem já se viu pedir um bem emprestado, vender e, quanto o preço baixar muito, vou lá e compro de volta, só que, agora, por preço infinitamente menor do que vendi antes, para então devolver ao legítimo dono?

A especulação não deve gerar direito a ganho, pois é um jogo de azar. Quem não tem sorte no jogo que arque com o próprio prejuízo.

Urge que a economia mundial encontre um novo caminho e ambiente de expansão, norteada e baseada na realidade econômica dos parceiros e na produção. Deixemos o jogo de azar para os cassinos e loterias. Noutro caso, a especulação deve ser onerada com impostos altíssimos, na mesma proporção dos jogos de azar e/ou loterias. 

Aí, todo Seu Zé Ninguém vai conseguir dormir tranquilo, sem medo de acordar vítima de 'assalto' ao seu pequeno e pobre patrimônio.

Acelino Pontes

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Lar Doce Lar



Casar constituir família e eu onde fico nisso tudo? Por que devo me casar? E as perguntas não ficam por aí, mas as respostas são parcas e não convencem. Está certo, que o amor aos e dos filhos é importante, mas não é tudo na vida, em especial, quando circunstâncias outras me 'empurraram' para o casamento.

Uns se casam por se dizerem apaixonados. Mas, o que é estar apaixonado? Já se diz até que se apaixonar é doença, e grave; pelo menos, já há filme afirmando isso. Outros dizem que casam porque a família ou a sociedade obriga, senão vão pensar que sejam gay. Ou ainda, que é assim que Deus determinou. Os mais abusados dizem que precisam de uma ‘doméstica’ ou precisam de alguém para lhe sustentar.

Certamente, cada um terá a sua desculpa, mas com certeza, a desculpa não servirá do nada, muito menos ainda para garantir um 'Lar doce Lar'. Isso é tão verdade, que até brinco com quem me anuncia seu casamento: - Bem, pelo visto, o casamento está marcado, mas quando será o divórcio?

A constituição de uma família é um passo sério e não pode se realizar dentro de um ambiente de impulsos. Pois, sem pais felizes, realizados e conscientes do que estão fazendo, a educação e o surgir dos filhos fica em frangalhos. Mas, não é o que vemos nos casamentos de hoje. Aos tempos dos gregos e dos romanos, casamento era tão somente um contrato social regrando o patrimônio, a situação social e a sucessão. Os prazeres, gregos e romanos buscavam em outras companhias.

Eu preciso saber porque devo casar e o quê almejo com o casamento. Pelo contrário, como vou saber se realizarei o meu intento, o meu desejo? Não posso tentar enganar a outrem, muito menos ainda a mim mesmo. Alguns entram numa aventura do enganar ou do deixar acontecer e depois findam profundamente decepcionados, pior ainda sozinhos, isolados no próprio casamento. Esse fica apagado, sem gosto; aquilo que dá prazer e alegria fica fora dele. 

Mas, será que não há casamento feliz, apenas tranquilo?

Não, sei! Por outro lado, pode-se e deve-se indagar: casamento precisa de amor? Tem gente que opta pelo sim. Mas, há muito casamento sem amor, só com tolerância e 'acordos'. Não devemos esquecer que o casamento não deixa de ser um simples contrato religioso ou cartorial, ou seja, eu faço um acordo com outra pessoa para vivermos juntos, com a possibilidade de formar uma comunidade chamada família. Há até casamento sem a obrigação de vida sexual ou íntima.

A expressão sexual no casamento parece-me ser o ponto chave (de grande tensão) na maioria dos casamentos. E muita gente casa não com alguém, mas com uma figura imaginária de filme ou de romances ou de qualquer um outro fruto do imaginário, desejando realizar um 'amor' idealizado na própria mente, que, em via de regra,  nunca consegue realizar. Se não consegue viver esse 'amor', então surge a infelicidade, a desilusão.

O sexo é carnal, animalesco. Ele não se deixa racionalizar ou enobrecer, muito menos ainda, se pode erguer a prática sexual a algo 'romântico' e fiel. Estamos tratando de um instinto movido por hormônios, que não sabem o que é fidelidade. Mas, se a fidelidade não está presente no casamento, o conjugue aguarda, pelo menos, uma assiduidade na vida sexual. Em contrário, vem a dúvida, pior ainda, o ciúme. Está iniciado o fim do casamento, pelo menos para um dos dois.

Só foram formuladas algumas pinceladas sobre o casamento. O assunto é por demais complexo e merece uma reflexão muito mais ampla. Assim, coloco a canção abaixo para lhe inspirar no realizar um questionamento pessoal sobre o assunto, na esperança de você postar a sua opinião como comentário.

Lar Doce Lar
Renato e Seus Blue Caps

Quando eu me casei pensei
Ter um lar doce lar
Mas agora eu já sei
Você quis me enrolar

Quando eu lhe conheci
Você era boazinha
Só fazia o que eu queria
Era mesmo uma santinha

Quando eu me casei pensei
Ter um lar doce lar
Mas agora eu já sei
Você quis me enrolar

Um ano depois, você
Veio a se transformar
Demorou mas conseguiu
Suas unhas me mostrar

Quando eu me casei pensei
Ter um lar doce lar
Mas agora eu já sei
Você quis me enrolar

Não me deixava dormir
Nem mesmo ler meu jornal
Você dava esses tapinhas
Era muito natural

Quando eu me casei pensei
Ter um lar doce lar
Mas agora eu já sei
Você quis me enrolar

Bem cedinho levantava
Correndo pra trabalhar
Quando o dia terminava
Não queria mais voltar

Quando eu me casei pensei
Ter um lar doce lar
Mas agora eu já sei
Você quis me enrolar

Juro que se eu pudesse
Pôr alguém no seu lugar
Com uma fera eu casaria
Acho, iria melhorar

Quando eu me casei pensei
Ter um lar doce lar
Mas agora eu já sei
Você quis me enrolar . . .”

Acelino Pontes

domingo, 24 de julho de 2011

Pedágio: ingenuidade do brasileiro





O pedágio é um excelente exemplo de como o brasileiro é ingênuo e até de boa fé. Os 'políticos' decretam e ele obedece ou é obrigado a obedecer, mesmo que a Constituição do Brasil coíba esse tipo de abuso, muito mais ainda, esse tipo de 'assalto-a-mão-armada'. E o pior é que você nem sente a facada no bolso ou faz que não sente.

Ainda agridem a inteligência do cidadão: é para reparar e manter as estradas. Me engana, que eu gosto! Justamente para essa finalidade, temos uma bela fonte de corrupção gerada pelos 'políticos' com o sugestivo título de CIDE (Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico), que é cobrada tanto na importação como na comercialização dos combustíveis. Ou seja, nos casos de importação do combustível, o cidadão paga duas vezes.

Veja o leque de tipo de combustíveis sobre os quais a CIDE é cobrada: gasolinas, diesel, querosene de aviação, óleos combustíveis, gás liquefeito de petróleo (gás de cozinha), inclusive o derivado de gás natural e de nafta, álcool etílico combustível e seus derivados e equivalentes.

E agora, meu caríssimo leitor, me diga: O que gás de cozinha tem a ver com reparação e manutenção de estradas? Será que tem a ver com o antigo costume de chamar as cozinheiras de 'chauffeur1 de cozinha'?

Veja, a cada vez, que você tomar um cafézinho ou uma sopa, que jantar, que almoçar e ou até que merendar, você estará pagando a CIDE, pois a preparação dessas refeições quase sempre é realizada com o uso de gás liquefeito de petróleo ou natural. E se o gás for importado, como geralmente, da Bolívia, a conta vem dobrada. É ou não é agredir a minha e a sua inteligência?

Muito bem, fique tranquilo. Você não paga duas vezes, como disse antes. Mentira e enganação. Com o pedágio você paga três vezes ou mais. Pois, já pagou duas vezes com a CIDE e, com o pedágio, mais uma vez. É brincadeira? Não, é lei dos 'políticos', dos corruptos.

Pior ainda é saber que as estradas sem pedágio, que deveriam receber mais verbas, 'economizadas' nas que cobram pedágio, ficam a ver navios. No Brasil, não existe a conservação de estradas, somente o famoso 'tapa-buraco', que só maquia e enriquece 'políticos' e empreiteiros.

Eu não queria chamar a sua atenção para outra coisita, pois sei que já está pra lá de indignado, mas tem mais uma continha bem escondidinha, que você jamais iria notar: todo produto que você compra é sempre, no mínimo, uns 20-30% mais caro por causa dos altos custos do transporte, custos esses motivados pelo péssimo estado de conservação das estradas. E não esqueça, no transporte, os caminhões também pagam pedágio.

Não, essa não! Então lá vem mais um quarto, quinto, sexto . . . . pedágio. Exemplo: viagem de São Paulo para Igarapara (percurso de menos de 800 km), o caminhoneiro paga 8 (OITO) pedágios . Continue tranquilo e calmo, pois estamos no Brasil e você é brasileiro e imensamente paciente e ingênuo: vai pagar bem caladinho, tudo o que eles cobrarem. Imagina, o brasileiro assumir a postura do povo Sírio, que para defender seus direitos vai para rua protestar e enfrenta até canhão de guerra, mostando que não é tolo? Além do que, temos ainda muito 'político' para se tornar milionário. E quem os vai fazer milionários, senão você?

Quanto dinheiro os 'políticos' arrecadam com a CIDE?

Segundo análise da CNT (Confederação Nacional do Transporte)2, entre 2002 até 2010 foram arrecadados mais de 57,3 bilhões de reais somente para a reparação e para a manutenção das nossas estradas. Dessa bolada, foram 'utilizados' tão somente 23,07 bilhões, ou seja, 40,3% do valor arrecadado. E para onde foi o resto do dinheiro? O bicho comeu. 

E tem mais: a comissão dos políticos e empreiteiros sobre os já poucos 23,07 bilhões investidos, ainda tem que ser deduzida daí. A comissão será 20 ou 30%? Se desejar saber mais sobre essas comissões, basta acompanhar o fartíssimo noticiário em volta do Ministério dos Transporte que atualmente está em 'posse' do Partido da República-PR. Mas, é para uma boa causa: financiar o PR e seus 'políticos'. E você? Na sua ingenuidade paga a conta. Gostou? Eu também não.

Mesmo, com o investimento de somente 23 bilhões e sem as comissões para 'políticos' e empreiteiros, já bastava e muito para deixar as nossas estradas próximas da qualidade europeia ou norte-americana. Mas, para que fazer, se deixando do jeito que está, os ingênuos ainda pagam 4 e mais vezes para repará-las e mantê-las? Quem sabe deixando assim, podem cobrar 5, 8, 20 (lembra do ministro sortudo das 20?) vezes ou até mais. E com essa de brasileiro comer cada vez mais, vão consumir ainda mais gás de cozinha e tome 'financiar' reparação e manutenção de estradas, do alto de seus fogões à gás . . . .

Se não bastasse o tamanho do estrago . . .

no seu bolso, ainda há mais: as empresas concessionárias se tornaram verdadeiros vampiros da população; lá o cidadão não paga pedágio 4 ou 12 vezes por ano ou até por mês, mas sim, por dia. Não acredita? Veja este exemplo de assalto organizado e constante a população de Vargem-SP ilustrado pelo programa CQC - quadro 'Proteste Já! - e veiculado pela Band:



Veja ainda o arremate final:


 
Gostou? Incrível. Inimaginável. Mas, realidade nua e crua. E o povo, na sua ingenuidade, pagando, quantas vezes os 'políticos' determinarem.

Tem solução?

Claro, que tem solução. Basta seguir os conselhos sábios do filósofo alemão Kant: procurar esclarecimento e assim alcançar uma maturidade mínima. Isso demonstrou uma garota, estudante de direito, que nos trás uma solução viável. Veja a entrevista que concedeu a estudante gaúcha Márcia dos Santos Silva, então com 22 anos, aluna do 9º semestre de Direito da Universidade Católica de Pelotas (UCPel), à Radio CBN há pouco mais de 3 anos:

 
E ela está coberta de toda a razão do mundo. Numa outra entrevista concedida pela estudante ao Jornal Agora lá consta:

A jovem de 22 anos apresentou o "Direito fundamental de ir e vir" nas estradas do Brasil. Ela, que mora em Pelotas, conta que, para vir a Rio Grande apresentar seu trabalho no congresso, não pagou pedágio e, na volta, faria o mesmo. Causando surpresa nos participantes, ela fundamentou seus atos durante a apresentação. Márcia explica que na Constituição Federal de 1988, Título II, dos "Direitos e Garantias Fundamentais", o artigo 5 diz o seguinte: "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade " E no inciso XV do artigo: "é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens". A jovem acrescenta que "o direito de ir e vir é cláusula pétrea na Constituição Federal, o que significa dizer que não é possível violar esse direito.”

Muito simples: pedágio é ilegal, porque a Constituição nos garante o direito de ir e vir, em especial, quando se trata de estradas construídas com dinheiro público. Então, não tem que se questionar.

Depois, o cidadão já paga através da CIDE, até quando está tomando cafézinho, almoçando, jantando ou lanchando, para esse fim mais de 57,3 bilhões de reais, dos quais só foi aplicado apenas 40,3% do valor arrecadado, porquanto ainda há muito dinheiro no 'cofre'.

Por último, o uso das estradas certamente está sujeito ao Direito do Consumidor. Se o Estado recolheu a taxa específica para esse fim, terá que realizar esse serviço sem mais custos para o cidadão, mesmo porque ainda não aplicou todo o valor arrecadado. Há uma certa polêmica em volta do Estado ser responsabilizado por serviços (não) prestados. Salvo no caso de serviço hospitalar/de saúde públicos (financiados por impostos), o Judiciário já decidiu que cabe responsabilidade do Estado em relação à prestação de serviços mediante taxa ou contribuição. Ou seja, salvo os serviços públicos financiados por imposto, em todos os outros serviços com recolhimento de qualquer quantia, o Estado responde pelo Código de Defesa do Consumidor, como qualquer outro prestador privado de serviços ou fabricante.

Então, temos que por a mão na massa e começar com protestos organizados e as ações judiciais para dar fim a esse abuso escandaloso e afronta às liberdades e garantias fundamentais dos ingênuos cidadãos brasileiros. Vamos nos juntar a essa garota e fazer acontecer.

Quem quer começar?

Acelino Pontes




1Motorista
2http://www.sistemacnt.org.br/portal/img/arquivos/boletim%20economico%20janeiro.pdf

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